domingo, dezembro 10, 2006

Estamos aqui Eu e as Clarices ...
A minha Clarice já me encheu de arranhões e mordidas.
Usa meus dedos como peitos de mamar.
Sou uma mãe felina ... minha Clarice na palma da minha mão, frágil, pequena e indefesa, porém tem unhas e dentes vorazes ...
As pequenas, muitas vezes, são pequenas apenas em seu tamanho, mas por dentro são enormes fortalezas.
A Clarice que admiro está na sala e também na minha cabeceira ...
Com ela troco pensamentos e opiniões sobre a existência humana, principalmente a minha, a minha pequena existência ... existência de cabrita !
Estou lendo de Clarice Lispector, O Livro dos Prazeres e também A Paixão Segundo G.H. ...
Neste primeiro existe um trecho que diz assim:

"Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou antes em alguém nem jamais lhe puseram rédeas ou sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez. "

Tem muitíssimo haver comigo !!!
Deus do céu ! como tem ...

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada a ver com teu tópico, mas lembrei de vc:
"Preciso que um barco atravesse o mar lá longe para sair dessa cadeira, para esquecer esse computador e ter olhos de sal boca de peixe e o vento frio batendo nas escamas" Marina Colasanti
Do que diabos precisamos afinal?
(Quem responder dou um real)!