segunda-feira, dezembro 11, 2017

 Ah... O meu quintal... Uma das coisas as quais mais sentirei falta quando for embora daqui da terra. No meu quintal de chão vermelho eu vivi muitos momentos, desde quando ele não era minha morada. As lufadas de vento fazem suas curvas aqui; as corujas gorjeiam quando sobrevoam , na alta hora da noite bem por cima do meu quintal e a lua!!!
Meu Deus do céu!!!
A lua substitui luz artificial e ilumina o meu quintal como hoje mesmo aconteceu.
Eu, meus gatos e meus cães tomamos banho de lua, nos secamos ao sabor dos ventos e nos iluminamos de prateado enquanto pensávamos em nossas vidas. 
E uma enorme auréola de arco-íris se formou em meio a algodões de nuvens cor de rosa de tal maneira que eu enxerguei cores noturnas e sem palavras agradeci a dádiva de ter olhos de ver beleza tão sublime. 
Ali, naquele momento em que vi o halo lunar , eramos só eu, a lua, meus animais e Deus.

Cala mundo!

Existe um silêncio que incomoda. 
Na verdade não sei dizer se é o silêncio que incomoda ou todo o estapafúrdio barulho que ecoa em meus pensamentos, misturados a sentimentos e necessidades por mim mesma não atendidas. 
E aí... Vem este "cala mundo" para eu parar e refletir. 
Então vem um livro silencioso, um filme calado, uma música emudecida. 
Juntos, me levam ao mais introspectivo momento de existir. 
De vez em quando dói. 
E moto-continuo vou levando. 
De repente, tropeçam em mim. 
Não deveriam. 
Não deveriam meeeeesmo nem chegar perto. 
Sou o pavil curtíssimo da maior intensidade de tudo o que um indivíduo possa pensar e sentir. 
Trisca pra ver...

O marcador de livros assassinado.

Caminhando... como sempre e de costume redundantemente eu caminho ao trabalho, apressada, atrasada e com meus pequenos passos de quem tem apenas um metro e meio de tamanho. 
Pé ante pé enxergo um absurdo: um marcador de livros assassinado, morto no chão da calçada, abatido, pisoteado, abandonado. 
Não se deve fazer isso com um objeto tão importante! 
Objetos também tem sentimentos, sim os que damos a eles. 
Você já parou para pensar na função de um marcador de livros? 
Ele marca sua vida, sua história, a linha do seu pensamento, a importância do que você está lendo e aprendendo ou apreendendo ou sentindo ou vivendo através de um livro. 
Não, eu não apanhei o marcador assassinado do chão.
Ele jaz lá, sendo pisoteado por outros transeuntes que passarão pela mesma calçada que eu e decerto o ignorarão. 
Uma lástima!
Hoje estou de luto pelo marcador de livros assassinado.
Ou, ou será, talvez que alguém, caminhante como eu, distraído nas letras como eu, sem perceber, deixou-o cair ao lufar dos ventos matinais, enquanto absorvido pelas letras conjugadas e sedutoras, escritas naquele papel, não percebeu sua queda fatal? 
Destino... o destino...

domingo, dezembro 10, 2017

Era para ser uma festa e foi. 
Após o trabalho, no meio da semana, um momento de ir a um lugar bonito, frequentado pela alta sociedade e eu ali, meio peixinho fora d'água, pois nem alta sou quanto mais da sociedade... 
Mas, tinha gente minha ali, sangue do meu sangue.  
Eles estavam do lado bobo da corte: os que divertem os ricos. 
De fato também se divertem, visto que artista pra ser artista mesmo tem de amar o que faz, não simplesmente gostar, mas, AMAR. 
Pois bem, estávamos todos lá: eu, a alta sociedade, os artistas e o lugar bonito. 
E vieram os amigos. 
Amigos artistas, amigos parentes, amigos do trabalho, amigos amigos e o público. 
Estes, comendo e bebendo ostentosamente. 
E tudo começou: a música, a cantoria, o vinho, os sorrisos, os selfies... de repente todos se gostavam, se conheciam, comungavam dos mesmos gostos, das mesmas tacas de vinho branco ou tinto, dos mesmos scotch's. 
Foi uma noite feliz, até tudo terminar. 
Festa acabada, contas a pagar, todos embora, a realidade volta a tona e eu? 
Peguei meu Uber, sozinha e fui pra casa dormir pra no outro dia ir trabalhar. 
Vida feita de momentos.

quarta-feira, julho 05, 2017

Sinto dores.

Sinto dores.
Não dores de amores.
Sinto dores
Sinto dores
Sinto dores por carregar pesos.
Não pesos físicos.
Sinto dores.
Sinto dores por transportar pra lá e pra cá sentimentos de culpa
Algum remorso
Poucos arrependimentos.

Ai como sinto dores!
Minhas costas reclamam, pra quê tanto?
Pra quê esse muito?
Pra que essa consumição?

Ai como dói...
Como dói o não dito
O pensamento vago
A interrogação não respondida
A curiosidade não matada
A reciprocidade não vinda.

Sinto dores pelo que vivi e
Muito pelo que gostaria de ter vivido
Uma pouca tristeza de não ter arriscado mais um pouco.
Sinto dor pelo medo e pelo teatro dos papéis sociais.

Sinto dores pela solidão...
Minha placeba companheira.

terça-feira, julho 04, 2017

Tempo

Ventos... tempos de chuva...
Inverno por dentro e por fora.
E o passado me volta.
Nesse meu envelhecer, nestes meus anos já gastos e mais o porvir eu sempre tenho o passado ao meu redor, rondando como passarinhos a minha mente já tão atarantada de tanto pensar.
Ditados cibernéticos imitam a filosofia e soltam ao mundo brados existenciais como balas que só por abrir já se tem o efeito.
Oh ! ledo, ledo engano dos desejos que estão fora e não dentro.
O quanto é difícil a tal das atitudes e do modo de pensar igual as vontades.
Ai que vida mais digna de tragicomédias e melodramas sinceros e cheios de "se"...
Vou caminhando e dentro do meu gesso levo esse anos comigo pensando no quanto vou lembrar quando estiver lá na frente , no futuro ancião.
Igual a quando eu tinha dez anos e me olhava no espelho pensando quando iriam nascer os meus peitos, se eu trabalharia e se saberia pegar um ônibus sozinha.
Continuo do mesmo jeito... igualzinha àquela garota de dez anos, pensando nos meus 80 ou 90.
E a vida tem disso, passados que estão tão intrinsecamente ligados ao ser que mais parecem que são presentes, teimando em se encerrar. Mas, como? Eu ainda não descobri.
E assim vou escrevendo pra desocupar a mente e ver se algum clarão acende.

segunda-feira, julho 03, 2017



E nesse frio que há muito minha cidade não vivia, sinto eu um frio na espinha.
Daqueles que prenunciam uma solidão presente e futura, um frio daqueles que prenunciam o vazio das coisas, das vozes, dos movimentos.
Aquela profecia de um quarto humilde, com alguns poucos antigos adereços de estimação, uma cadeira onde sentada se lembra de tudo o que viveu num embaraço de cenas e datas, de alegrias e tristezas.
Sim, às vezes a profecia é meio escura como as luzes apagadas dos espaços não mais frequentados, onde não mais circulam gargalhadas, latidos de cães, brigas passageiras e contrariedades.
Um ser apenas velho, esquecido em um lugar qualquer que lhe caiba o mínimo de condição de existência até os seu último dia de posse do seu corpo material.
A solidão faz a gente pensar nisto e nas evoluções dos dias e nos caminhos de todos, onde uma família não é uma família, apenas um conjunto de pessoas reunidas por laços de sangue e não de amor.

sexta-feira, março 31, 2017

Tempo quente e eu já não sei mais o que é certo e o que é errado.
O mundo tá tão diferente...
Talvez a minha cativa prisão esteja me deixando alienada e a minha cabeça esteja perdendo o controle.
De certo não confio mais nas pessoas e nos seus bons sentimentos.
Mais crível o jogo de interesses e o que se pode ganhar em função de pessoas, coisas, trocas.
Será que foi sempre assim?
E onde foi que eu aprendi tanto romantismo, ingenuidade e utopia?
Devem haver outros como eu...

sexta-feira, março 17, 2017

Um conto.

Tempo quente...

A rua está deserta. Hoje os malandros estão pairando por outras fendas.
O dia foi abafado, ora chovendo, ora fazendo um sol flamejante.

O silêncio da noite é tranquilizador e ao mesmo tempo solitário, o que para alguns soa amedrontador e para outros apenas um vazio cheio de vontades.

O momento atual é de fuga.

Do quê ou de quem, não se sabe ao certo.

Aliás, de quem...

Era pra ser um conto como os belíssimos escritores escrevem pondo um pouco de si mesmos numa estória irreal. Mas, parece que tudo está tão cheio de não ditos que nem aqui há escapatória.

Volta e meia entro nela e falo dela e me envolvo com ela. Como é difícil despregar-me dela. Está em todos os lugares, por onde passo em todos os meus pensamentos, ela está lá.
Com suas confusões, medos e um imaginário absurdamente surreal.
Não, o mundo não gira em torno dela e tudo o que é sobrenatural não existe.
Vamos, caia na real, tenha coragem!

Mexa-se !

Envelhece com uma ingenuidade de menina antes dos 15 anos.
Vive um teatro de um ser que não é ela só pra poder viver e não ser esquisita. Um teatro.

Mergulha nos livros que falam dos outros em épocas e países onde ela nunca ousou sonhar em ir. Séculos atrás para ela é como se fosse hoje.

E sua mente voa enquanto o tempo passa e ela envelhece sem ter histórias para contar.

Coragem!

segunda-feira, fevereiro 13, 2017

Momento certo.

Existe momento certo para tudo.
Arte: Sérgio Alternkirch
Estava refletindo estes dias, em casa, nas ruas, caminhando, no trabalho num momento de folga e até debaixo do chuveiro que é momento bom de refletir quando a água ajuda a limpar as impurezas do dia e refresca o juízo pra pensar melhor.
Existe momento certo para tudo.
Para concluir trabalhos,
Para atingir grandes objetivos,
Para adquirir os objetos materiais de desejo que todo ego necessita,
Para conquistar alguém e, até,
para encerrar a conquista e buscar por outra.

Mas... mas... mas...
Parece que o tempo tem umas artimanhas inexplicáveis e quanto mais a gente luta por ideal esse ideal fica longe, longe, loooooonge.
E eu me pergunto, por quê?

O tempo, sempre certo e seu tempo, responde:
"Existe momento certo para tudo"
Aprenda!

Estou tentando...

sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Ai que saudade!

Hoje, caminhando ao trabalho, na rua ensolarada do meu Recife, bateu uma saudade.
Uma saudade de um passado que vivi onde fui feliz.
E fiquei pensando... foram momentos tão bons...
Que saudade doída! que vontade de ter de novo...
Nada se repete em nossa vida, como um rio que corre sempre em frente e nunca molharemos os pés novamente nas mesmas águas.
Ai que saudade que me deu!
E me perguntei, caminhando debaixo de um sol quente: será que sentirei isto novamente?
Será que passarei por uma sensação tão boa, uma sinergia tão perfeita como eu já vivi?
Oxalá tomara!
Ai que saudade!!!!