quarta-feira, janeiro 06, 2010

Crônicas de Aniversário I

Maternidade de Casa Amarela, 16 de Janeiro de 1970, por volta das 15:00h.
"Olha Célia, é uma menina e de pernas muito bonitas."
Minha mãe ainda devia estar zonza da força que fez para me dar à luz. Nasci de parto normal, como todos os meus irmãos.
Minha mãe me conta que chorava muito. Acho Eu que isso é um bom sinal. Sinal de saúde, pulmões em pleno funcionamento, ar circulando normalmente e cordas vocais perfeitas, hehehe.
Diz ela que eu vim meio assim, sem ter que ter vindo, pois ela já tinha ganho de brinde do meu pai um casal de filhos do primeiro casamento dele e também já tinha tido outro casal de filhos, meus irmãos George e Angela. Tava de bom tamanho né?
Também acho, mas ... Eu tinha que voltar.
Cheguei e fui morar em Afogados, na casa própria que meus pais tinham acabado de comprar. Temos ela até hoje e é muito bela. Grande, arejada, ampla. Bons tempos passamos lá.
Por conta das fábricas de café, cigarros e sabão que eram muito próximas da minha casa, desenvolvi uma rinite alérgica que trago comigo até hoje. Nada demais. Adoro café, gosto de tomar banho, mas não fumo.
Brinquei de Susi, andei de velocípede, ía na venda do Mestre Antônio comprar bala Xaxá e sete belo, além de chiclete ploc e poing pong, brinquei com as bonecas da minha irmã que eram importadas da Inglaterra (muito chique), aprendi a gostar de música cedo, pois a minha família adora música. Dançava nos braços do meu pai a música: "que falta eu sinto de um bem, que falta me faz um xodó..."com Gil, na vitrola Philips que tocava 3 lp's de uma vez. E também gostava de dançar no colo dele: "Eu quero um ovo de codorna pra comer, o meu problema ele tem que resolver..." nos fins de semana. Meu pai me chamava de "Zoga". Sei não de onde vem esse apelido.
Depois, eu cresci um tico e comecei a gostar de Rita Lee, por volta dos 10 anos. Brincava de escritório e de ser chefe e executiva.
Quando ía a casa de meus avós maternos, lia os livrinhos para crianças e escutava as histórias que Vovô Aragão contava, como também penteava a careca dele com o pente de Zé Bonitinho, aquele bem grandão e depois ía procurar as moedas de D. Baratinha que Vovô escondia pela casa inteira. E olha que a casa era grande viu ? Lá na Henrique Dias, no Derby. Mas, eu sempre achava e ficava com elas. Tínhamos também o Jornal "O Pirulito", no qual nós, os netos éramos a notícia. Vovô editava e imprimia na pequena gráfica que ele tinha nos fundos da casa.
Em casa, jogava com meus irmãos e George sempre roubava no ludo e no jogo da velha a mim e a Angela, descaradamente, um horror !!! ele tinha uma rádio de mentirinha: "Rádio Tupinambá, dia e noite fora do ar!" Sempre tivemos gatos e eu ficava tardes e tardes no telhado da casa, mais precisamente em cima da garagem chupando mangas - espada e brincando com os felinos.
Do meu quarto, que eu dividia com as minhas irmãs, eu me sentava na janela que era gradeada e tirava carambolas do pé. Era capaz de dormir na janela, tamanho frescorzinho que era, ler na janela debaixo do pé de carambola.
Mamãe fazia doce de manga (uma delícia), pendurava a carne ou deitava-a nas telhas para fazer carne de sol e fazia abacate no leite, do nosso abacateiro. No fim do ano íamos a pé até o centro comercial do bairro para fazer compras de nossas roupas de natal e ano novo. Eu chegava em casa morta de cansada de tanto andar, mas com roupa e sapato novos.
Infância boa...

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