quarta-feira, agosto 29, 2007

Tempo


A mim

que desde a infância venho vindo
como se o meu destino
fosse o exato destino de uma estrela
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca, piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo vão me chorar e esquecer.
Quase Vinte anos mais vinte é o que tenho, mulher ocidental que se fosse homem amaria chamar-se Eliud Jonathan.
Neste exato momento do dia vinte e nove de agosto de dois mil e sete,
o céu é bruma, está frio, estou feia, acabo de receber músicas pelo e-mail.
Trinta e sete anos: não quero faca nem queijo.
Quero a fome do desejo.

Adaptação de Andréa Aragão ao poema de Adélia Prado.

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