domingo, setembro 02, 2012

Voltei.
Depois de algum tempo sem a menor inspiração ou vontade de escrever. Assunto não faltou. Das mínimas curiosidades e pequenezas do cotidiano a grandes acontecimentos. Tudo passou e é certo que de metade não lembro mais.
Agora estou só de novo.
Isto quer dizer que tenho todo o tempo do mundo para muitas coisas.
Ía dizer para mim, mas soou egoísta demais e no momento atual estou lutando para ser menos egoísta.
Na verdade, essa coisa de egoísmo é um grande conflito na minha vida.
Estou lendo um livro interessante. Como já é característico de mim, não sei dizer o nome do autor e nem o título do livro a não ser quando o tenho em minhas mãos. Coisas de quem está envelhecendo e não tem memória boa.
Já é o segundo que leio e a história me prende e me leva daqui por bons momentos.
Hoje, enquanto almoçava com a minha famlía, observava os casais  de mãos dadas, se beijando curtindo o domingo e eu cá comigo, me perguntando: "porque não isso não acontece comigo?"
Óbvio que não soube responder, mas muitos me responderiam: "Você não sabe escolher"
Escolher. Eita verbinho, viu ?
Tudo é com ela nessa vida: escolher.
Almocei e minha família nem sonhava no que eu estava pensando... entre uma garfada e outra.
Café. E continuei observando...
Eles se foram e eu fiquei para passear um pouco. Andei pela ilha, fiz compras e quando a noite caiu fui sentar-me à beira do rio para contemplar a cidade e me imaginar no livro de Carlos Ruiz Zafón.
Maré cheia, noite caída, poucas pessoas na calçada, pontes parcamente iluminadas e o reflexo das luzes dos postes sobre a água turva do rio poluído.
E o meu pensamento lá nos casais que se amam. Me deu vontade de ter um par, andar de mãos dadas, sorrir ingenuamente, sem malícia, passar uma tarde agradável.
já tive isso, é muito bom.
Começou a chover e o meu imaginário começou a se perder.
Levantei-me da beira do rio e com as minhas compras, uma casinha para gatos, atravessei a rua e peguei um táxi para casa, decidida a fazer o que agora faço: voltar a escrever.
Acho que por estímulo da própria estória que estou lendo. Trata-se de um escritor envolto em situações de suspense numa Barcelona antiga.
Até, antes mesmo de me debruçar sobre a cidade, por coincidência, no Paço Alfândega está havendo uma feira de antiguidades e passeei por cada bancada, olhando peças antigas, luminárias, porta-cigarros de prata, jóias, jogos de xícaras de chá com boqueira, estatuetas de bronze, batedores de porta em prata, relógios de algibeira, abotoaduras, colares de pedras semi-preciosas, quadros ... e assim fui montando o cenário do livro e me sentindo mais perto da estória de David Martín.
Agora?
Agora estou aqui no gabinete de meu avô, ainda me perguntando porque não consigo ter um parceiro ao meu lado que me dê a mão para passearmos num domingo de tarde.


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