quinta-feira, agosto 05, 2010

Transtornos da Personalidade

Caracterizam pessoas que não têm uma maneira absolutamente normal de viver (do ponto de vista estatístico e comparando com a média das outras pessoas).
Estas alterações quando permanentes constituem o que poderíamos chamar de Ego Patológico ou Transtorno de Personalidade (Ey).
De acordo com Henri Ey, entendendo o Ego como equivalente à Personalidade, a liberdade e a individualidade características da personalidade normal estariam comprometidas em determinadas alterações permanentes da maneira de existir no mundo, como se a pessoa fosse refém de seus próprios traços, inflexíveis e permanentes.
O Transtorno de Personalidade seria uma maneira de atuar permanente, continuada e duradoura de um Ego não-normal.
Karl Jaspers afirma serem anormais as personalidades que fazem sofrer tanto o indivíduo quanto aqueles que o rodeiam. Para ele as personalidades anormais representam variações não-normais da natureza humana e que, na eventualidade de superpor-se à elas algum processo, tornar-se-iam personalidades propriamente mórbidas (doentias). Jaspers aborda o tema sob a ótica das variações do existir humano de origem constitucional (que fazem parte da pessoa).
Estas personalidades anormais seriam alterações perenes do caráter caracterizando não apenas a maneira de ESTAR no mundo mas, sobretudo, a maneira do indivíduo SER no mundo.
A Organização Mundial de Saúde trata o assunto sob o titulo de Transtornos da Personalidade e de Comportamentos, especificando-os nos títulos de F60 até F69 na Classificação Internacional das Doenças (CID-10). 

Os Transtornos de Personalidade, segundo ainda o CID-10, são condições do desenvolvimento da personalidade, aparecem na infância ou adolescência e continuam pela vida adulta. 

O Transtorno de Personalidade, conforme esta classificação diz, são perturbações graves da constituição do caráter e das tendências comportamentais, portanto, não são adquiridas do meio.
Desta forma, os Transtornos de Personalidade seriam modalidades incomuns do indivíduo interagir com sua vida, de se manifestar socialmente, de experimentar sentimentos (ou não experimentá-los). 

Aspectos Psicobiológicos e Transtornos de Personalidade

Modernamente considera-se que o estudo dos Transtornos da Personalidade se estrutura sobre quatro domínios psicobiológicos. São eles:
1 - A regulação dos impulsos;
2 - A modulação afetiva;
3 - A organização cognitiva e;
4 - O controle da ansiedade.
Transtorno Paranóide de Personalidade

A característica essencial deste distúrbio é uma tendência global e injustificável para interpretar as ações das pessoas como deliberadamente humilhantes ou ameaçadoras. Tem normalmente início no final da adolescência ou no começo da idade adulta. Quase invariavelmente há uma crença de estar sendo explorado ou prejudicado pelos outros de alguma forma e, por causa disso, a lealdade e fidelidade das pessoas estão sendo sempre questionadas. Muitas vezes o portador deste Transtorno é patologicamente ciumento e questionador da fidelidade do cônjuge, ao ponto de causar situações francamente constrangedoras.

Há uma sensibilidade exagerada a tudo que possa ser interpretado como rejeição, uma tendência para distorcer as experiências, interpretando-as como se fossem hostis ou depreciativas, ainda que neutras e amistosas (pensamento paranóide). 
As pessoas com Transtorno Paranóide da Personalidade são extremamente sarcásticas em suas críticas, irônicas ao extremo nos comentários e contornam as eventuais situações constrangedoras recorrendo a artimanhas teatrais e chantagens emocionais. Não toleram críticas dirigidas à sua pessoa e qualquer comentário neste sentido é entendido como declaração de inimizade.
Pelo entusiasmo com que valorizam suas idéias, sempre as únicas corretas, podem ser vistos como fanáticos nas várias áreas do pensamento; seja religioso, político, ético ou profissional. Gostam de fantasiar mas tem dificuldades em distinguir a fantasia da realidade. Pessoas com estes distúrbios são hiper-vigilantes e tomam precaução contra qualquer ameaça percebida.
A afetividade, nestes casos, é muitas vezes restrita e pode parecer fria, dado ao gosto destas pessoas em serem sempre objetivas, racionais e pouco emocionais.
Recomenda-se, como critérios para este Transtorno, que sejam caracterizados por:
a) sensibilidade exagerada à contratempos e rejeições;
b) tendência a guardar rancores persistentemente, isto é, recusam à perdoar aquilo que julgam como insultos ou desfeitas:
c) desconfiança e tendência à interpretar erroneamente as experiências amistosas ou neutras;
d) obstinado senso de direitos pessoais em desacordo com a situação real;
e) suspeitas injustificáveis em relação à fidelidade (conjugal ou de amigos);
f) autovalorização excessiva;
g) pressuposições quanto à conspirações
Ballone GJ - Transtornos da Personalidade, PsiqWeb, internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.

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