sábado, julho 21, 2007


Estou no meu desconcerto...

Recusei um cinema e continuei lendo meus livros. Me tomei identificada num discurso feminista onde o medo e a ansiedade de ser cuidada é o grande problema existencial das mulheres.

Entrei em paradoxo. Diferentemente das mulheres citadas no texto, Eu gosto da certa independência e da imagem de mulher do mundo e não-Amélia. Porém, no fundo, tenho sim - assumo - o desejo de também ser cuidada, protegida, amparada e de alguma forma "assegurada", não pela previdência privada, mas pela providência do amor de outrem.

Dizem que os homens têm medo das mulheres muito intelectualizadas e muito inteligentes... Se assim for, estamos na regressão da evolução - ou seria involução - humana, onde quando crianças a menina amadurece mais cedo que o menino na idade mental. Assim os homens também em sua idade madura envelhecem mentalmente mais cedo que as mulheres e por isso têm medo de nós, mulheres maduras, independentes, intelectualmente trabalhadas, decididas e donas de si.

Que contra-mão será esta ?

Encontro entre o meu meio social muitas mulheres que são os homens da casa. Umas disfarçadas de "Amélias", outras assumidamente "Chefas", provedoras do sustento doméstico, pagadora de contas, a que trabalha fora e o homem fica em casa cuidando do lar doce lar.

Não recrimino nenhum dos dois papéis, mas pergunto onde me enquadro: Eis que surge a interrogação shakespeariana: Ser ou ser, eu não me enquadro em nenhuma das duas opções. Então que tipo sou Eu ?

Híbrida ? essa é a palavra da moda: "híbrida". Meio lá, meio lô.

E acho que sou a mais simples das criaturas femininas: eu quero os dois. Egoísta ? pode ser, mas, Isso sou Eu.

Quero cuidar e ser cuidada. É pedir muito ?

Quero carinhos do homem que amo em tudo: na preocupação se estou bem de saúde, se o passeio que levou está bom, se a comida que fez tá boa.

Como também quero cuidar: organizar o seu guarda-roupas e que sabe seus negócios, cuidar das doencinhas rotineiras, comprar um presente esperado, fazer algo que ele vai adorar...

Não seria tão mais divertido ?

Conversar sobre a existência humana com uma boa bebida ao lado. Ler simultâneamente o mesmo livro e discutir as opniões contrárias. Escutar e receber críticas.

É, sei que isso é conto de fadas, romantismo quase Romeu e Julieta. Mas ainda sonho com isso. Sonho sim.

E assim, hoje, nós mulheres nos classificamos em diversos tipos. O tipo Amélia que aceita tudo do marido, até as traições e diz: "no fim ele volta pra mim que sou a matriz"; o tipo independente, que não liga pra nada e tá tudo bem de qualquer jeito que esteja a relação; as amantes que pelo papel que ocupam na vida dos homens, oscilam entre as pessoas mais importnates da vida deles e as mais desprezíveis; as desejáveis, as quais os homens admiram, desejam, mas têm medo de se relacionar com elas, pois elas são fortes demais, são tudo em demasia e eles não suportam isso.

Sei lá, são as minhas conjecturas em meu desconcerto.

A orquestra da minha cabeça está dissonante mas, que bom, mostra que eu estou viva, cônscia dos meus anseios, desejos e conflitos.

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