E as obras continuam.
Sinto-me completamente intoxicada com o forte cheiro de massa corrida, tinta, solvente, diluente, além do cigarro dos 4 operários que estão trabalhando em minha casa desde o início da semana.
Poeira, sujeira e uma casa completamente fora do lugar.
Meu habitat está resumido à suíte que fica do lado de fora da casa. Um pequeno quarto organizado para receber visitas.
Nesta última semana do ano a minha vida está assim: de cabeça pra baixo.
Sinto por dentro uma desestruturação geral.
Minhas férias foram um pouco para o espaço.
Mas, acredito que essa desordem vai ter um final feliz.
Sentada no chão imundo do meu terraço e com a única gata corajosa que tenho em minha casa, estávamos, as duas, a contemplar o jardim (que hoje também será reformado).
Pardais, beija-flores e borboletas amarelas. Todos ao mesmo tempo aproveitando o sol e o pólen das minhas papoulas.
Isto me deu esperanças de um ano novo que vai iniciar com coisas novas.
Vou juntar dinheiro para passar o carnaval numa boa pousada em uma praia. Quem sabe me hospedo novamente no Armação do Porto ? ou na Pousada Quatro Estações?
Não sei.
Mas, sei que a luz do sol no verde do meu pequeno jardim e os pássaros e borboletas me deram uma paz...
Estou no olho do furacão !
Ainda choro, ainda fico triste, mas não vai ser assim a vida toda.
O furacão vem, tira tudo do lugar e depois que ele passar eu estarei de pé, descabelada, mas, de pé para limpar e arrumar tudo.
E o mais importante de tudo: desejando o bem e consciente do rumo que tomei.