quinta-feira, junho 06, 2013

Alceu Valença - Maria dos Santos (1977)


Chuva.
Frio.
É um tempo que gosto, além do calor do sol.
Me aqueço, pego um livro bom e leio e ele me ensina e me envia mensagens.
Estou mais leve.
Não me pergunte o porquê, não irei dizer, mas... estou mais leve.
Não foi nada espiritual ou do astral, foi algo bem real.
Estou mais leve por reconhecer sentimentos.
Posso andar mais passos à frente.
A mente, o corpo, as emoções, nossos sentimentos, muitas vezes nos aprisionam em lugares, pessoas e passados aos quais devemos nos desapegar.
Isto não é amor, sabe? é posse.
Me perguntaram no Bar Central: você sente falta de quê?
Não soube responder.
Agora, com esta pergunta ecoando em meus ouvidos...
Sinto falta de tudo o que nunca tive e mágoa de uma expectativa mal criada por um desejo direcionado erradamente.
Descubro hoje, que acho que nunca amei e nunca fui amada.
Jogo de posse e egoísmo, sim, foi o que vivi.
Aquela paz era de mentira. Por trás existia uma possessividade como se eu fosse coisa e uma competitividade como se o amor fosse um jogo de quem pode, que faz, que sente mais ou menos. Muitas cobranças irreais pra se dizer que se ama.
Vai ver que eu nem sei o que o amor.
Quero descobrir.
Quero muito sair do Brasil, realizar meu sonho de ir à Europa, começando por Portugal e Espanha, França, Itália e Inglaterra. Agora os objetivos são outros. Nada de Liverpool e The Beatles, mas aquela minha velha identificação com o país de Gales. Sem influências.
Continuo sim, bem, como posso dizer melhor... ligada nas coisas que ultrapassam a nossa realidade factual, material e cotidiana.
Sinto-me aliviada. Gritar e dizer coisas ofensivas também são necessárias, principalmente quando bem direcionadas a quem precisa ler.
Não sou santa, sinto raiva, mágoa e ódio, pois isto faz parte de todo ser humano.
Então, estou muito aliviada. O que era um sentimento bom, pelo menos da minha parte, virou uma mágoa acrescida de raiva, rancor e mal querer pelo outro.  Ódio é muito. Mas, adorei ter desejado o dobro do que me desejaram, afinal preciso dividir essa minha parte ruim com quem merece.
Meus 20 anos de agonia no coração estão indo embora e ficarão no passado a cada mês mais distante. Me dispo de um passado povoado por criaturas intricadas umas nas outras formando uma teia da qual eu me desprendo com muita vontade. Não quero mais fazer parte deste grupo de pessoas que fizeram parte de um bom pedaço da minha vida e me fizeram sofrer um bocado. Basta. Agora é a minha vez de Ser sem ser por vocês.

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