sábado, agosto 15, 2009

Voltas e voltas

Círculos, voltas e voltas...
Ontem saí para jantar.
Igual a mim, que ontem estava me sentindo assim assado, chegaram para jantar pessoas estranhas aos meus olhos no restaurante que escolhi.
Homens maduros e casados com suas amantes de 20 anos, mulheres maduras (com mais de 60) e seus namorados de 25 e um outro grande grupo, como uma família sem ser, de pessoas que mais pareciam que eram pobres e de repente ficaram ricas e faziam questão de esbanjar a riqueza repentina através de roupas extravagantes e acessórios chamativos.
Estava com frio, como sempre, e pensei em pedir uma taça de vinho tinto para esquentar-me, mas, troquei o álcool pela jarra de suco de laranjas.
Os garçons, apesar de educados, só chegavam à nossa mesa de acordo com a conveniência, visto que éramos um casal sem muitas pretensões de gastar. Queríamos apenas jantar e conversar sem interrupções.
Não quis os coquetéis oferecidos muito menos a entrada.
Chegou o prato principal.
Entre uma garfada e outra do risoto de frutos do mar, perguntei:
"Qual é o meu problema?"
"Isto você tem de perguntar a você mesmo."
Foi a resposta que obtive...
É verdade.
Segurei a minha tartaruga nas mãos ...
"Você vive num círculo onde tudo se repete e você não sai disso. Não consegue sair desse círculo vicioso. Tenho lido seu blog e fazendo uma retrospectiva é sempre o mesmo discurso."
Eu concordei. Não é a primeira pessoa que me diz isso. É a terceira.
"Não consigo."
É, mas, você sabe que para mudar, precisamos abdicar de coisas, ter perdas e você não quer perder."
E aí, pensei comigo mesma sem verbalizar... "não quero perder coisas, mas nem as tenho..."
E depois pensei ainda..."porque então me aparecem as coisas se eu não posso tê-las?"
Fiquei calada ...
Mas, concordei com tudo o que ouvi.
Não quero justificar mais os acontecimentos de minha vida nos outros. Chega de projeções.
Saí com a sensação de que algo bom vai me acontecer. Planos.
Algumas pessoas das mesas do lado ficaram olhando a minha mesa com certa insistência. Não gostei. Pedi a ele para falar mais baixo.
Me deu um sono incontrolável.
"Vamos pedir a conta? hoje não quero expresso."
E saímos sob a chuva fina que caía, o som do carro tocava Sade.
Cheguei em casa, escovei meus dentes e me deitei na cama que já tem desenhado do travesseiro aos pés, todo o meu corpo. Tentei me encaixar nesse corpo que é meu desenhado em minha cama e fechei os olhos.
Boa Noite, existência!

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo é muito profundo, somente continuas em círculo.

Tem que mudar, vc tem coisas para perder sim, só que se agarra e não deixa o passado ir embora pois só assim vai iniciar um círculo novo.

Não se esconda, se olhe no espelho?????????