segunda-feira, julho 07, 2008

Sinto-me sozinha.
Pode ser uma blasfêmia o que digo, uma vez que tenho uma bela mãe, irmãos, alguns amigos, trabalho...
Mas, não posso ser falsa comigo mesma.
Sinto-me sozinha.
Solitária.
Durmo e acordo sozinha, muitas vezes almoço sozinha, fico aqui na minha casa grande sozinha.
Hoje me vi numa emergência de hospital sozinha.
Senti inveja, no bom sentido de ver um casal já idoso, ele a acompanhando.
O marido passando mal e ela o acompanhando, o filho acompanhando a mãe. Até um amigo de trabalho acompanhando o outro. Todos nós na emergência. Uns recebendo medicamentos, outros o soro, como Eu, mas enfim... naquele lugar gelado, eu estava me sentindo sozinha, sentada numa poltrona do papai, com o braço esticado no soro e o outro atendendo a ligações de celular de clientes apressados.
Me senti uma coisa. Uma coisa que agora, ainda bem, muitos usam, falo do trabalho.
Me senti uma coisa, porque dei defeito e fui lá me consertar. Ainda bem que posso.
Não devo reclamar.
E isso não é uma reclamação, mas, talvez um lamento, porque eu queria que fosse diferente.
Passei um fim de semana triste, com perspectivas de mais solidão à frente.
Refleti em como tenho afastado as pessoas de mim, apenas porque não estou suportando ser machucada. Seja lá quem for que venha me ferir, com intuito ou não neste objetivo.
Talvez eu esteja igual ao porco-espinho que quando se sente ameaçado estufa seus espinhos com as pontas venenosas ou o percevejo que exala o seu cheiro forte ou os ouriços do mar que soltam tintas venenosas.
Acho que meu espelho está invertido.
Não me vejo uma pessoa má, não me vejo com inveja maligna dos outros, não morro mais por bens materiais. Os consumo, como todos, mas vivo sem eles. Não conto grandezas e nem aumento vantagens. Não conto mentiras para impressionar ninguém, sei lá...
Me acho tão simples, tão até meio aguada...
Talvez seja isso. Sou sem sal... nem vai nem vem.
Enfim...
Sinto-me sozinha.
Uma coisa que alguns usam só quando precisam.
Será que viver é assim?
Casa de ferreiro, espeto de pau. Sempre tive medo da solidão e no entanto ...

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