" O Amor ... uma loucura da mente à qual a razão consente."

O Amor com certeza nos traz as maiores alegrias, aliás, seria melhor dizer nossos maiores êxtases ...

Esse movimento em direção ao outro, esse exato instante em que o sonho se transforma em realidade, esse estado de graça em que saímos de nós mesmos, essa união dos corpos que nos faz imortais, por alguns instantes ao menos, essa transfiguração do cotidiano ao lado do ser amado, quando seu semblante parece fazer parte de nosso coração e dele não será nunca mais apartado ...

Mas, às vezes, quanto sofrimento por causa do amor ... que oceano de sofrimentos ...

O amor desprezado, o amor rejeitado, a falta de amor, o fim do amor, ai de nós ...

O amor é a fonte de nossas maiores felicidades e o amor é a causa de nossos mais infortunados males.

A maior dificuldade no amor é o fato dele ser involuntário. Apaixonamo-nos, no mais das vezes, por quem não nos convém, outras, por quem nos ama mais, e muito frequentemente não experimentamos amor nenhum por quem nos conviria perfeitamente.

O amor não depende de nossa vontade, este é o problema. A historia pessoal de cada um provoca certos sentimentos que nos fazem lembrar inconscientemente as emoções sentidas outrora, ou o contrário dessas emoções, aliás.

Há ainda as circunstâncias do encontro amoroso. Todos sabemos que nos apaixonamos mais facilmente quando já estamos tocados e pertubados por outra emoção, a surpresa, por exemplo, ou mesmo a dor, ou ainda a compaixão - pois sabemos que um estado emocional em alerta favorece as paixões.

Fedra ía casar-se com Teseu e eis que Hipólito, o filho de Teseu, apareceu... bastou ! Estava montada a tragédia:

"Eu o vi, enrubesci, a seu olhar fraquejei
Um tormento elevou-se em minh'alma dorida
Meus olhos não viam mais, precisei calar.
E senti meu corpo ora gelar, ora arder."

Nem sempre a escolha involuntária do objeto amoroso é a melhor. Às vezes, é mesmo a pior.

François Lelord