sábado, novembro 07, 2009

Cristais


Misto de um tudo eu sinto.
Esta semana foi pesada e a minha cabeça está às voltas com muitas "pré-ocupações", como li agora pouco num e-mail.
Necessidade grande tive de "me limpar".
Isso, me limpar!
Não com um banho de chuveiro ou de banheira ou ainda com uma bucha áspera e esfoliante.
Mas, limpar o ambiente onde respiro o maior tempo das 24 horas que tenho para viver todos os dias.
Debelar pragas peçonhentas que insistem em atacar a estrutura de tijolos a que todos chamam de casa.
Aproveitei e olhei assim... assado... para a cristaleira da minha avó!
Precisa de uma geral!
Abri suas portas que há muito ninguém o fazia e aquele cheiro de madeira velha invadiu o ambiente.
Retirei, um por um, copos para quase todas as bebidas: água, vinho branco, vinho tinto, uísque, licor, champagne, cachaça, além de um pedaço da baixela de porcela tchecoeslovaca (o país mudou de nome não foi ?)que ela tem.
Lavei peça por peça e guardei na estante da sala enquanto "cuidava" do móvel.
Limpei seus vidros da frente, das laterais, lavei suas prateleiras de vidro grosso, passei lustra-móveis de lavanda, pus um "remedinho" preventivo para as pragas não acharem a sua madeira gostosa por demais.
Ela ficou assim, meio "desnuda" por uns dois ou três dias.
Hoje, após o almoço, assisti com minha mãe e meus irmãos a um dvd de música new age. "Yanni", muito bom. Voltei pra casa e voltei pra ela, a Cristaleira.
A esta altura, ela pode mesmo receber o seu nome com C maiúsculo, quase como um nome próprio, um "ente".
Olhei pra ela...
Pus The Beatles como trilha sonora e comecei o meu trabalho de volta: abri a estante da sala e um por um, fui rearrumando todas as peças no lugar.
E aí ... minha cabeça viajou...
Cada copo, uma lembrança de uma festa, uma reunião, um jantar, um almoço, uma visita importante, um evento.
E na minha cabeça todos que já circularam por dentro desta casa onde moro sozinha hoje voltaram a andar e fazer todos os barulhos...
Meu avô sentado à cabeceira da mesa, minha avó em pé badalando o sininho que usava para chamar as empregadas e elas, as empregadas que viveram conosco por gerações.
Zefinha, Xôxa, Das Dores, Rita, Brasilina, Fátima... e mais que agora não me recordo. Todas de uma mesma família que acompanharam o casal José e Maria Aragão desde a época em que moravam em Vitória de Santo Antão.
Foi uma lembrança muito, mais muito gostosa. A imagem de meus avós não saíram um minuto de minha mente e me perguntava: Será que Vovó iria aprovar essa arrumação que fiz aqui na Cristaleira dela?
Pelo que a conheço, acho que não. Só ela é que deixava tudo perfeito.
Meu Avô teria mando desligar o som, "porquê isto não é música".
Enfim ... Histórias de minha vida...
Ela está bonita, a Cristaleira. Já que não tem a minha Avó Maria para aprovar a "geral" que dei no móvel dela, vou chamar a substituta-mor: Minha mãe. Espero que ela goste.

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