quinta-feira, março 12, 2009

Meu Recife ...



Ainda não dormi.
Como os médicos e enfermeiros de plantão, estou ligada desde ontem ao meio-dia e ainda não me deitei para dormir.
Após o trabalho fui ver Má Companhia no Burburinho e cheguei em casa às 04:30h da madrugada.
Engraçado... postei ontem no blog uma das músicas que eu mais gosto de Lula Côrtes, junto com uma foto nossa na casa dele. E não é que o danado tava lá no Burb's ontem ? E ainda ganhei a canja da minha música preferida. Show de bola !!!
Combinei com "James" dele vir me buscar cedinho para me deixar no Centro da Cidade.
Entrei em casa deviam ser uma cinco da manhã e fui fazer o tempo passar. Medicar meus felinos, tomar banho, fazer café e blá, blá, blá.
Às 7:40h "James" (vulgo Sr. Severino) passou aqui em casa e me deixou na rua. Rapidinho resolvi o compromisso com sucesso.
Aí, olhei o Rio Capibaribe brilhando ao sol de 8:30h da manhã e pensei ...
Vou passear pelo meu Recife à pé.
Peguei o início da Conde da Boa Vista e fui caminhando ... o comércio ainda estava abrindo, e fui me lembrando de quando eu tinha 14 anos e era office girl da minha mãe. Saía às ruas para fazer os pagamentos dela no fim do mês e andava aquilo tudo à pé.
Tá tudo diferente, mas mesmo assim, ainda reconheci os prédios das lojas de discos que eu namorava, os bancos, alguns ainda são os mesmos, outros já desapareceram, outras lojinhas de roupas e acabei entrando na Rua 7 de Setembro. Meu Centro do Recife tá sujinho e mal cheiroso. É uma lástima, mas mesmo assim revi os sobrados dos poetas e de Clarice Lispector, eles moraram na Rua da Imperatriz.
Parei na Renner para efetuar meus pagamentos, olhei umas coisas, fiz umas comprinhas e voltei pela Rua do Hospício.
Entrei na Igreja Matriz da Boa Vista e lá me emocionei. A igreja é linda e está bem cuidada. Lembrei-me dos meus tempos de adolescente em que ía várias vezes lá a tarde e ficava horas e horas conversando com Deus todas as minhas tristezas. Ele era o meu terapêuta Freudiano. Só eu falava e tentava pela reverberação de minhas palavras encontrar um entendimento para as minhas angústias. Adolescentes...
Saí da igreja maravilhada e muito bem, uma paz tranquila e energia renovada, das boas.
Passei na Praça Maciel Pinheiro e dei um alô a Clarice, a Lispector que sempre fica alí sentada na Praça vendo o movimento, inclusive já estou com o novo livro dela. Assim que terminar o Jorge, Jorge Amado (Capitães de Areia) que comecei a ler logo depois que terminei Grande Sertão Veredas, chego no "A Descoberta do Mundo".
Peguei a Rua do Hospício, "descendo", como diz o matuto e passei pelo Teatro do Parque. Não sabia, mas está em reforma. Tomara que fique mais belo do que já é. Logo após o Teatro, "descendo" mais um pouco passei na frente do Museu onde o meu Avô Aragão foi Curador. Não me deixaram entrar, o horário de visitas é só a tarde. Respeitei e não falei que Eu era Neta Aragão, seria muito esnobismo, apesar de saber que entraria lá fora do horário se o tivesse dito.
Atravessei a Conde no sentido "minha casa".
Caminhando devagar com as minhas comprinhas e o barulho ensurdecedor dos locutores à beira das lojas divulgando suas promoções com aquelas músicas bregas no último volume da caixa de som. Total poluição sonora. Mas, sempre foi assim. Algumas coisas não mudaram no meu velho Recife adorado.
Cheguei em casa suadíssima, joguei minhas coisas na sala e fui receber o carinho dos meus felinos.
Vida ... só tenho a agradecer.

Nenhum comentário: