"...Como seria o amor entre duas esperanças?
Verde e verde, e depois o mesmo verde que, de repente, por vibração de verdes, se torna verde.
Amor predestinado pelo seu próprio mecanismo semi-aéreo.
Mas onde estariam nela as glândulas de seu destino, e as adrenalinas de seu seco e verde interior?
Pois era um ser oco, um enxerto de gravetos, simples atração eletiva de linhas verdes.
Como Eu? Eu. Nós? Nós.
Nessa magra esperança de pernas altas, que caminharia sobre um seio sem nem sequer acordar o resto do corpo, nessa esperança que não pode ser oca, nessa esperança a energia atômica sem tragédia se encaminha em silêncio.
Nós? Nós."
Clarice Lispector
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